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Campanha #ChegaDeTrabalhoInfantil é lançada em Campinas

Campinas - Na última sexta-feira (10) foi lançada oficialmente em um evento na sede do Ministério Público do Trabalho, em Campinas, a campanha nacional #Chegadetrabalhoinfantil, iniciativa que conta com o apoio de personalidades da música e dos esportes - os cantores sertanejos Daniel, Chitãozinho e Xororó, o ex-jogador de vôlei Maurício Lima e a ex-jogadora de basquete Hortência Marcari. O evento teve a presença de procuradores, juízes, políticos, agentes da rede de proteção à criança e outros convidados. Na oportunidade, o psicoterapeuta Ivan Capelatto proferiu palestra sobre as causas psicossociais do trabalho infantil.

A campanha, apoiada pela Coordinfância (Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes), foi desenvolvida pela agência Bretas Comunicação/B52 com o uso de verbas oriundas de acordos firmados com empresas do interior e da Grande São Paulo. Os artistas e esportistas que participam da iniciativa não cobraram cachê. Os canais disponibilizados pela campanha buscarão o engajamento dos internautas nas redes sociais, incentivando-os a postar o gesto da “hashtag” em seus perfis como forma de apoio à causa contra o trabalho irregular de crianças e adolescentes.  

Dentre os produtos disponibilizados aos internautas estão um site temático (www.chegadetrabalhoinfantil.com.br), contendo um blog com notícias, atualidades, orientações e prestação de serviços, além de um local dedicado a artigos e opiniões de especialistas. A campanha também contará com uma fanpage no Facebook e um canal próprio no YouTube. Os artistas gravaram vídeos com duração de 30 segundos com o mote da campanha, o “Hashtag neles”.     

Abrindo o evento, a juíza do Juizado Especial da Infância e da Adolescência de Campinas, Camila Scarabelli, discursou brevemente ressaltando o apoio dispendido pelo judiciário trabalhista à campanha e da importância de se trabalhar a conscientização como forma de trazer mudanças à sociedade.

A procuradora do trabalho em São Paulo Elisiane dos Santos lembrou dos números alarmantes que mostram o elevado número de pessoas menores de 18 anos em situação de trabalho irregular. Ela lembrou que aqueles que são vítimas do tráfico de drogas e da exploração sexual nem sempre são contemplados nos dados. “Precisamos, mais do que nunca, dar amplitude para essa campanha, para que ela chegue em todos os cantos do país, de forma que a sociedade realmente se sensibilize e não desvie o olhar, tenha essa noção de que o trabalho infantil é perverso, é uma violação de direitos e é uma violência praticada contra a criança e contra o adolescente”, afirmou.

Em sua fala, a coordenadora nacional da Coordinfância, Valesca de Morais do Monte, chamou atenção para a mensagem direta da campanha e de sua eficácia nas redes sociais. “De tão importante e eficaz, a Coordinfância optou por estender nacionalmente essa campanha, que se iniciou na Procuradoria da 15ª Região. Temos que compartilhar, replicar de todas as formas. O trabalho infantil tem mais esse defeito, que é estar diante de muitos mitos, que ainda persistem e não são verdadeiros. É uma violação de direitos humanos e não é compatível com o estado civilizatório em que vivemos”, observou.

Representando a Câmara Municipal de Campinas, o vereador Gustavo Petta, que preside a Comissão Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, parabenizou o Ministério Público do Trabalho pela campanha nacional, destacando a sua utilidade pública na desconstrução dos mitos em torno do trabalho infantil, como aquele que afirma ser melhor “a criança trabalhar do que ficar na rua”. “Uma campanha com esse poder de comunicação, utilizando personalidades do mundo esportivo e artístico, os quais possuem muita legitimidade na sociedade, pode ter um alcance profundo na nossa região e no nosso país, cumprindo um papel importante nos dias atuais”, ressaltou.

O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e gestor regional do Comitê de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, João Batista Martins César, deu ênfase à importância no oferecimento de escolas públicas em tempo integral como ferramenta de combate ao trabalho infantil, incluindo em seu discurso os casos de sucesso já observados no município de Campinas. “O trabalho infantil não só mantém a pobreza, mas mantém o Brasil no terceiro mundo. Enquanto não conseguirmos colocar nossas crianças em escolas públicas em tempo integral, não vamos erradicar essa chaga. Precisamos pelo menos de uma geração educada para mudar esse contexto, e é a isso que se presta essa linda campanha”, afirmou o desembargador.

Representando o prefeito de Campinas, o secretário municipal de trabalho e renda, Luis Yabiku, parabenizou o MPT pela iniciativa e dispôs a parceria do Município no combate ao trabalho infantil. “O Município vem discutindo formas de colaborar com essa causa, em especial na formação dos jovens por meio da aprendizagem”, revelou.  

A procuradora e representante da Coordinfância no interior de São Paulo, Marcela Monteiro Dória, que coordenou o desenvolvimento da campanha, agradeceu a todos aqueles que colaboraram para a sua realização, e se disse surpresa com a lotação do auditório do MPT, mas “de forma positiva”, pois “mostra que temos cada vez mais pessoas engajadas na causa pela erradicação do trabalho infantil”. “A campanha não é do MPT, mas da rede de proteção à criança e ao adolescente. Quero que todos abracem essa campanha como sendo de todos nós. Contamos com o engajamento de todos para replicar e difundir a mensagem, para que alcancemos o sucesso esperado”, disse.

Encerrando a mesa de abertura, o procurador-chefe em exercício do MPT Campinas, Dimas Moreira da Silva, ressaltou a importância de se instruir a sociedade civil acerca dos males do trabalho infantil, mote principal da campanha, e também fez críticas à situação social vivida por diversas famílias brasileiras.  “A nossa sociedade e nosso Estado precisam aprender a fazer a coisa essencial para um país se tornar desenvolvido, que é cuidar bem das nossas crianças”, finalizou.   

Em seguida, o psicanalista Ivan Capelatto proferiu palestra sobre as causas psicossociais do trabalho infantil para um público de mais de 100 pessoas, seguido da apresentação do publicitário e diretor da Bretas Comunicação, Haroldo Bretas, sobre o desenvolvimento da campanha e a justificativa que a levou para o ambiente online.  

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