Segunda fase da Operação Café Amargo flagra mais 70 trabalhadores irregulares em fazendas de café na região de Piraju e Fartura

Mesmo em final de safra, muitos funcionários foram encontrados em condições precárias de trabalho; a falta de equipamento de proteção individual foi uma das irregularidades mais frequentes

 


Por Camila Correia


Bauru  Dando continuidade à Operação Café Amargo, realizada pela Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete) do Ministério Público do Trabalho (MPT), com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os procuradores José Fernando Ruiz Maturana, Luis Henrique Rafael, Marcus Vinicius Gonçalves e Rogério Rodrigues de Freitas vistoriaram durante esta semana 20 fazendas produtoras de café nas regiões de Itaí, Piraju, Tejupá, Sarutaiá, Timburi e Fartura, no interior de São Paulo. Considerando todas as propriedades inspecionadas, 70 funcionários foram flagrados em desacordo com as leis trabalhistas.

Apesar da frequência das colheitas de café ter diminuído devido ao final de safra, o MPT constatou várias divergências nas fazendas. As principais irregularidades encontradas foram: ausência de registro em carteira, trabalhadores descalços e sem luvas e demais equipamentos indispensáveis à proteção individual, falta de banheiros, inexistência de mesas, cadeiras e marmita térmica para refeições, insuficiência quanto ao fornecimento de água potável pelos empregadores, entre outras. 

Trabalhador não utilizava equipamentos de proteção
Trabalhador não utilizava equipamentos de proteção

 

EPIs encontravam-se em estado precário
EPIs encontravam-se em estado precário


Mas, segundo o procurador Marcus Vinícius Gonçalves, nessa segunda fase, já foi possível perceber as consequências da primeira etapa da operação. “O número de funcionários sem registro em carteira foi bem menor, sendo que na primeira fase foi de quase 100%. Os próprios proprietários e empregados relataram que os registros ocorreram em virtude da última atuação do MPT na região. Inclusive, comprovamos essa informação quando verificamos a data documentada na carteira dos trabalhadores”, releva.


Além disso, o procurador destaca que, embora o cumprimento das obrigações previstas nos Termos de Ajuste de Conduta (TAC) assinados na primeira fase ainda esteja dentro do prazo, as fazendas vistoriadas no início do mês de julho já estão caminhando para a regularização dos funcionários. “Uma propriedade em Tejupá, por exemplo, já trocou a barraca de lona por uma instalação sanitária móvel adequada e dentro da lei”, conta o procurador.

Procuradores vistoriam fazenda
Procuradores vistoriam fazenda


Na manhã de ontem (31), os fazendeiros notificados por irregularidades graves encontradas nessa segunda fase compareceram às audiências e prestaram esclarecimentos. Todos eles assinaram TAC perante o MPT e se comprometeram a adotar medidas para garantir um meio ambiente de trabalho seguro e sadio aos empregados. O termo é composto de 26 itens e os prazos de cumprimento variam de imediato a 90 dias.


O acordo prevê também o pagamento, no prazo de 10 dias, de uma indenização no valor de meio piso salarial da categoria (R$410,00) por dano moral individual a cada trabalhador encontrado em situação irregular. No caso das propriedades em que foram verificados trabalhadores sem registro em carteira, soma-se o valor de mais uma indenização no valor de um piso salarial da categoria (R$820,00) a cada trabalhador. Uma das fazendas que já havia assinado TAC anteriormente e descumpriu as obrigações relacionadas ao fornecimento de equipamento de proteção individual, água potável e marmita térmica, comprometeu-se a pagar uma indenização complementar extra.

Colhedores trabalhando sem equipamentos de segurança
Colhedores trabalhando sem equipamentos de segurança

Procuradores tomam depoimento de trabalhador
Procuradores tomam depoimento de trabalhador

 

Fazendeiros firmam TAC com MPT
Fazendeiros firmam TAC com MPT

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