Inaugurado laboratório de química forense da PF em Campinas, viabilizado com verba do MPT

Estrutura possibilitará a análise química de substâncias ilícitas, análise de autenticidade documental e mapeamento de áreas via satélite; para o procurador-geral do MPT, tecnologia pode contribuir para o combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas

Campinas - Nessa terça-feira (30/11) foi inaugurado oficialmente o laboratório de química forense do Núcleo Técnico-Científico (Nutec) da Polícia Federal (PF) em Campinas, em cerimônia realizada na sede da Instituição no Aeroporto Internacional de Viracopos. O procurador-geral do MPT, José de Lima Ramos Pereira, participou presencialmente do evento, além do procurador-chefe em exercício do MPT Campinas, Eduardo Luís Amgarten, da vice-procuradora-chefe em exercício, Luana Lima Duarte, e dos procuradores Everson Rossi, Regina Duarte da Silva e Ronaldo Lira.

Para viabilizar a construção do laboratório, o Nutec recebeu uma verba trabalhista no valor de R$ 824.828,21, oriunda de um acordo judicial firmado entre o MPT e uma construtora, decorrente de irregularidades no meio ambiente do trabalho da empresa signatária.

O espaço tem 135 m² e ganhou investimentos em estrutura e equipamentos de última geração. O laboratório possui uma sala de amostragem, um laboratório de vias úmidas, um laboratório instrumental e secretaria. Além disso, há ainda um laboratório de documentoscopia que é usado para dar suporte a eventuais demandas de análises de documentos no terminal aéreo.

Segundo o Nutec, o laboratório de química forense possui capacidade tecnológica para analisar desde substâncias mais simples até drogas sintéticas muito bem elaboradas, possibilitando a análise de impurezas para identificar a forma de tratamento da substância e a sua origem, incluindo narcóticos, remédios, anabolizantes, entre outros. A perícia documental, por sua vez, permite analisar carteiras de identidade, passaportes diversos e outros materiais que tenham elementos de segurança, ou seja, que tenham características que conferem autenticidade ao material. Os equipamentos disponibilizados aos peritos proporcionam parâmetros que permitem determinar se o material é autêntico ou não.

Para o superintendente da PF no Estado de São Paulo, Rodrigo Bartolamei, a estrutura representa um avanço significativo do trabalho pericial no maior aeroporto do país em volume de cargas. “Nos casos em que há a apreensão de drogas, que são submetidas posteriormente à análise pelos nossos peritos, isso vai tornar mais célere esse trabalho, no sentido de apresentar resultados no próprio aeroporto. Por isso, é um ganho para o terminal, para a Polícia Federal, e isso tudo é fruto dessa parceria de muito tempo com o MPT, todos com o mesmo objetivo, de servir a sociedade e prestar o melhor serviço público”, observou.

Além dos serviços de análise química forense e análise de autenticidade documental, a expansão tecnológica do laboratório, propiciada pela destinação do MPT, também abarca a possibilidade da realização de estudos de imagens via satélite, para a identificação de crimes ambientais e outros ilícitos em qualquer região do país. “Temos acesso a imagens online, proporcionada por uma série de satélites que estão à nossa disposição, além de um banco de imagens já existente, em que podemos fazer uma comparação do que aconteceu em determinada região. Conseguimos ver alterações de áreas devastadas, queimadas, devastações ambientais em todo tipo de ambiente ou de biotas existentes”, explicou o chefe do Nutec da Polícia Federal em Campinas, Rogério Matheus Vargas.

O procurador-geral do MPT, José de Lima Ramos Pereira, acredita que a tecnologia disponibilizada pelo novo laboratório poderá contribuir para ações de repressão ao trabalho análogo à escravidão e tráfico de pessoas, especialmente em regiões mais distantes do país. “A possibilidade de mapeamento de áreas nas regiões mais distantes, como aquelas no norte do país, contribuirá muito para o combate ao trabalho análogo ao de escravo e tráfico de pessoas em operações do MPT. Há uma interação importante e essas destinações são necessárias e essenciais para a sociedade brasileira”, apontou. Apenas no ano de 2021, o MPT realizou 151 operações de combate ao trabalho análogo à escravidão em diversas partes do Brasil.

“A Polícia Federal tem uma forte atuação em relação ao combate ao trabalho análogo ao de escravo e ao tráfico de pessoas, também na questão de fraudes existentes, inclusive nas relações de trabalho. Podemos dizer que temos realmente uma parceria importante com a PF em todo o território nacional”, concluiu o procurador-geral.

O delegado e chefe da PF em Campinas, Edson Geraldo de Sousa, aponta a nova estrutura como “única” dentro de um terminal aeroportuário. “Temos diversas situações no aeroporto que envolvem passageiros, voos, horários, escalas, conexões e que precisam ser resolvidas rapidamente pelo aparato policial. O objetivo de instalar esse laboratório em Viracopos é atender essas demandas. São centenas de exames periciais, de documentos suspeitos de falsidade, uma série de ocorrências que precisam ser resolvidas rapidamente. Esse laboratório representa um avanço extraordinário para a Polícia Federal e um avanço único dentro de um aeroporto”, pontuou.

O MPT em Ribeirão Preto também destinou verbas para a aquisição de duas ambulâncias para a Polícia Federal, que serão utilizadas em locais de treinamento da Instituição. Os veículos foram apresentados durante a cerimônia de inauguração do laboratório de química forense em Campinas.

Na oportunidade, a Polícia Federal concedeu placas de homenagem aos procuradores da 15ª Região que deram contribuição relevante para o desenvolvimento da Institutição. Foram homenageados o procurador-chefe do MPT Campinas, Dimas Moreira da Silva, e os procuradores Everson Rossi (responsável pela destinação para a construção do laboratório), Regina Duarte da Silva (responsável pela destinação para a aquisição das ambulâncias) e Ronaldo Lira.

"Dedico essa homenagem a todos os colegas da 15ª Região que trabalham incessantemente pela garantia dos direitos sociais, e que oportunamente destinam verbas para entidades e projetos que beneficiam a sociedade", afirmou Dimas Moreira da Silva.

 

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